Gaza vive pior cenário de fome da história, alerta ONU: 1 milhão em risco de morrer
![]() |
Criança desnutrida é tratada em Gaza — Foto: HAITHAM IMAD/EPA-EFE/Shutterstock |
Gaza enfrenta o que a Organização das Nações Unidas classificou como o “pior cenário possível de fome”. Segundo o órgão de segurança alimentar da ONU, mais de 1 milhão de palestinos vivem em risco extremo de morte por inanição. O conflito prolongado, os bloqueios humanitários e a destruição sistemática da produção local criaram um colapso total na cadeia de abastecimento alimentar.
ONU alerta: fome catastrófica atinge Gaza
Relatórios da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e do PMA (Programa Mundial de Alimentos) indicam que a situação alimentar em Gaza é crítica. Quase toda a população da região sofre com insegurança alimentar aguda, sendo que mais de 50% enfrenta níveis de fome catastrófica, de acordo com a classificação IPC Fase 5.
Essa classificação é a mais grave do sistema e representa a iminência de mortes em massa por desnutrição. A região norte de Gaza é a mais afetada, com crianças, idosos e mulheres grávidas sendo os mais vulneráveis.
Colapso dos sistemas produtivos
O conflito armado destruiu mais de 70% das áreas agrícolas de Gaza. Plantações, fazendas, estufas, sistemas de irrigação e estoques de alimentos foram severamente danificados ou totalmente eliminados. A criação de animais também entrou em colapso, deixando milhares sem acesso à proteína animal.
Segundo a FAO, a produção local de alimentos está praticamente extinta. A ausência de combustíveis e fertilizantes contribuiu para a falência do setor agroalimentar, enquanto bombardeios constantes impedem a recuperação das estruturas essenciais.
Bloqueio humanitário impede ajuda
Desde março de 2025, o bloqueio imposto por Israel impediu a entrada regular de ajuda humanitária em Gaza. Agências como UNICEF, OCHA e Médicos Sem Fronteiras denunciam a escassez de caminhões de alimentos autorizados a entrar no território.
Conforme as Nações Unidas, muitos dos poucos comboios permitidos são retidos, inspecionados por horas ou impedidos de completar a distribuição, agravando o quadro de fome extrema. Apenas uma fração da ajuda necessária consegue chegar aos mais necessitados.
Mortes por fome já foram confirmadas
Hospitais e organizações locais relataram mais de 100 mortes diretamente associadas à desnutrição, sendo a maioria delas de crianças. Estima-se que mais de 70 mil menores precisam de tratamento imediato para desnutrição aguda severa.
Mulheres grávidas e lactantes também enfrentam altos índices de desnutrição, com sérios riscos para a saúde dos bebês e das mães. Os sistemas de saúde, já sobrecarregados, não têm estrutura para atender todas as vítimas.
Autoridades internacionais pressionam por cessar-fogo
Líderes da ONU e de organizações humanitárias exigem um cessar-fogo imediato e permanente, além da criação de corredores humanitários seguros e constantes. O comissário da ONU para direitos humanos afirmou que a fome em Gaza é "intencional e usada como arma de guerra".
A comunidade internacional tem se mobilizado para pressionar Israel e o Hamas a garantirem acesso seguro para a entrega de alimentos e medicamentos. No entanto, os esforços têm encontrado resistência e entraves logísticos severos.
Impacto geopolítico e social
A situação em Gaza reacende o debate global sobre o uso de bloqueios como instrumento de guerra e o direito à alimentação como princípio humanitário universal. O colapso alimentar afeta também países vizinhos, que enfrentam aumento no fluxo de refugiados e tensão nas fronteiras.
Especialistas alertam que, sem uma solução urgente, a crise em Gaza pode desencadear uma catástrofe ainda maior, com impacto global nos sistemas humanitários e nas relações diplomáticas do Oriente Médio.
Conclusão
Gaza enfrenta uma emergência humanitária sem precedentes, com milhões à beira da fome e do colapso sanitário. A ONU clama por ação internacional urgente para reverter esse cenário devastador. O tempo é curto, e cada dia sem ação efetiva resulta em mais mortes evitáveis.