Erro fatal: Avião colide com pássaros e pilotos desligam motor errado antes da queda

Erro humano e tragédia no ar: o voo da Jeju Air que terminou em desastre após colisão com pássaros

Introdução: Em 29 de dezembro de 2024, um Boeing 737-800 da companhia sul-coreana Jeju Air enfrentou uma situação de emergência ao colidir com um bando de pássaros durante a aproximação ao Aeroporto Internacional de Muan. O que poderia ter sido controlado transformou-se em um dos piores desastres aéreos do país após uma sequência de decisões críticas equivocadas tomadas pelos pilotos.

Imagem do avião da Jeju Air após o acidente
Imagem do avião da Jeju Air após o acidente

Segundo investigações conduzidas pela Agência de Investigação de Acidentes Aéreos da Coreia do Sul (ARAIB), os pilotos desligaram o motor que ainda funcionava após o impacto com as aves. O erro causou perda de potência e falhas em sistemas elétricos fundamentais, comprometendo a capacidade de pouso da aeronave.

O início do desastre

O voo 2216 havia decolado normalmente e se preparava para o pouso quando um alerta indicou a presença de aves próximo à rota de aproximação. Pouco depois, a aeronave colidiu com diversos pássaros, danificando severamente o motor direito. O motor esquerdo ainda operava com potência reduzida.

No entanto, a tripulação, possivelmente confusa pela vibração e ruído gerados, desligou o motor esquerdo – o menos danificado. A escolha comprometeu a estabilidade do voo, e a aeronave perdeu rapidamente sustentação, colidindo contra uma barreira de concreto no final da pista.

Gravador de voo e dados técnicos

O gravador de dados (FDR) e o gravador de voz da cabine (CVR) revelaram que os pilotos tomaram a decisão de desligar o motor esquerdo cerca de 37 segundos após a colisão com as aves. Investigadores confirmaram, por meio da análise do sistema de controle e restos dos motores, que o direito havia sido o mais afetado.

Além disso, a decisão precipitada impediu o correto funcionamento de sistemas de energia hidráulica e elétrica, fazendo com que o trem de pouso não fosse estendido antes da tentativa de aterrissagem forçada.

Impacto e destruição

A aeronave tocou o solo com a fuselagem, sem o trem de pouso estendido, em velocidade elevada. O impacto violento com o solo e, em seguida, com uma barreira de concreto não sinalizada no final da pista, causou o rompimento estrutural da cabine dianteira e explosão de combustível, matando instantaneamente a maioria dos passageiros.

Das 179 pessoas a bordo, apenas duas sobreviveram com ferimentos graves. Foi o pior desastre aéreo da Coreia do Sul em mais de duas décadas.

Comparação com outros acidentes

O caso remete a incidentes similares, como o voo GoAir 2017 na Índia, em que pilotos também desligaram o motor errado após um bird strike, mas conseguiram retornar ao aeroporto. Por outro lado, o voo US Airways 1549, que colidiu com gansos canadenses em 2009, teve desfecho heroico graças à resposta precisa do comandante Chesley Sullenberger, que pousou com sucesso no rio Hudson, salvando todos a bordo.

Cultura de segurança em debate

Especialistas apontam falhas na formação dos pilotos e carência de protocolos mais claros para situações envolvendo bird strike. A ausência de câmeras na cabine também dificultou a compreensão completa da comunicação entre os tripulantes.

O sindicato da aviação sul-coreana pediu a implementação urgente de sistemas de verificação cruzada de danos e maior treinamento em simulações com falha de propulsão parcial.

Falhas estruturais agravaram o impacto

Além dos erros humanos, familiares das vítimas denunciaram a presença de obstáculos de concreto fora da zona de segurança do aeroporto, sugerindo negligência da administração do terminal. Também houve questionamentos sobre a falta de redes de contenção e equipamentos de resposta rápida a incêndios na pista.

Consequências e mudanças

Em resposta ao acidente, o Ministério dos Transportes da Coreia do Sul anunciou uma revisão completa nos manuais de emergência para situações com bird strike, incluindo novos módulos de simulação e diretrizes de shutdown de motores baseadas em leitura de instrumentos e feedback visual.

Está em debate a obrigatoriedade do uso de câmeras na cabine, como já ocorre em trens e navios de alto risco, além da instalação de sensores visuais externos nos motores para rápida avaliação de danos estruturais.

Conclusão

A tragédia do voo 2216 da Jeju Air é um exemplo dramático de como uma emergência técnica pode ser agravada por decisões erradas tomadas sob pressão. A colisão com aves era um evento potencialmente administrável, mas o desligamento do motor incorreto, a falha no estendimento do trem de pouso e a presença de barreiras inadequadas transformaram a situação em catástrofe. As investigações e reformas em andamento apontam para uma possível melhoria na segurança, mas também reforçam o alerta de que o erro humano, mesmo em tempos de automação, ainda é uma das maiores ameaças à aviação comercial.