Salvador foi a capital mais violenta do Brasil em 2024, segundo novo levantamento
![]() |
Elevador Lacerda, um dos principais pontos turísticos de Salvador — Foto: Valter Pontes / Secom PMS |
Salvador voltou a liderar o ranking de capitais mais violentas do Brasil em 2024, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A capital baiana não apenas registrou a maior taxa de mortes violentas intencionais entre todas as capitais do país, como também ficou no topo do ranking nacional de mortes por intervenções policiais. Apesar de uma leve queda nos índices em relação ao ano anterior, os números ainda são alarmantes e levantam discussões sobre segurança pública, policiamento ostensivo e desigualdades sociais.
Salvador lidera índice de violência entre capitais brasileiras
De acordo com os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, Salvador registrou em 2024 uma taxa de 52 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes, a mais alta entre as capitais brasileiras. Foram ao todo 1.335 mortes classificadas como homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e feminicídios.
A capital baiana supera inclusive cidades historicamente violentas, como Belém, Manaus e Fortaleza. Mesmo com uma redução de 10,8% em relação a 2023, os números colocam Salvador novamente em evidência negativa, reacendendo o debate sobre a eficácia das políticas de segurança pública implementadas no estado da Bahia.
Bahia também lidera em mortes por intervenção policial
Além da violência geral, o estado da Bahia liderou o ranking nacional de mortes decorrentes de ações policiais em 2024. Foram 1.557 mortes registradas por intervenção de agentes de segurança pública, número quase o dobro do que foi registrado em São Paulo (814) e bem acima do Rio de Janeiro (699).
O dado reforça a preocupação com o uso da força pelas polícias estaduais e levanta questões sobre o controle da atividade policial, treinamento e políticas de direitos humanos.
Dados gerais da violência no Brasil em 2024
No total, o Brasil registrou 38.722 mortes violentas intencionais em 2024. Destas:
- 35.642 foram homicídios dolosos;
- 924 latrocínios;
- 718 lesões corporais seguidas de morte;
- 1.438 feminicídios.
A taxa nacional de homicídios foi de 18,3 por 100 mil habitantes, o menor nível desde 2011. Contudo, a redução nacional de 5% não foi suficiente para alterar o cenário crítico em capitais do Norte e Nordeste, com destaque negativo para Salvador.
Comparativo entre capitais brasileiras
Capital | Taxa de mortes violentas (por 100 mil) | Total de mortes em 2024 |
---|---|---|
Salvador (BA) | 52,0 | 1.335 |
Belém (PA) | 46,1 | 1.126 |
Manaus (AM) | 44,3 | 1.004 |
Fortaleza (CE) | 42,7 | 980 |
São Paulo (SP) | 6,2 | 823 |
Letalidade policial e contexto local
Especialistas em segurança pública apontam que os altos índices de violência em Salvador estão diretamente relacionados a conflitos entre facções, ausência do Estado em comunidades vulneráveis e práticas abusivas de parte da força policial. A concentração de mortes em determinadas regiões da cidade reforça a ideia de que a violência está associada à desigualdade social e à falta de políticas públicas efetivas.
O alto número de mortes por intervenção policial também indica um modelo de enfrentamento centrado no confronto direto, com pouco investimento em inteligência policial, prevenção e integração comunitária. A ONU e organizações de direitos humanos vêm reiteradamente criticando esse modelo e pedindo reformas estruturais nas polícias militares dos estados.
Medidas e perspectivas
O Governo da Bahia afirma que está implementando novas tecnologias de monitoramento, como câmeras corporais e ampliação do sistema de videomonitoramento, além de reforçar o efetivo e a capacitação das forças de segurança. No entanto, entidades da sociedade civil alertam que medidas pontuais não são suficientes sem uma reestruturação profunda na forma como a segurança é concebida e executada no estado.
Conclusão
Salvador, apesar de sua riqueza cultural, histórica e econômica, carrega o peso de ser a capital mais violenta do país em 2024. A elevada taxa de mortes violentas e o número recorde de mortes em ações policiais colocam a cidade no centro de um debate que precisa ser enfrentado com responsabilidade, transparência e planejamento estratégico. A superação desse cenário depende não apenas de mais policiamento, mas de um novo modelo de segurança pública, com foco em inteligência, inclusão e justiça social.